segunda-feira, 30 de julho de 2012

O QUE É ARTETERAPIA?





Arteterapia é a utilização de técnicas e recursos artísticos (tintas, pincéis, papéis, argila, etc.) com finalidades psicoterapêuticas, onde o paciente tem a possibilidade de contatar o seu mundo interno e externo, expressando assim suas sensações, seus pensamentos, atitudes e emoções, tornando-os passíveis de compreensão e transformação. A Arteterapia parte do princípio freudiano de que as imagens escapam do inconsciente com muito mais facilidade que as palavras, não sofrendo a censura da mente. Numa sessão de psicoterapia, o paciente se encontra muitas vezes bloqueado, com dificuldade de expressar verbalmente suas emoções e vivências. Desse modo, a expressão artística possibilita que ele, através de sua expressão, desenvolva a verbalização ao explicar suas produções, abrindo canais de comunicação e aumentando a auto-estima. Assim, expressão artística e verbalização se complementam na busca do equilíbrio, permitindo várias possibilidades. segundo Freud,

“Freqüentemente experienciamos o sonho em imagens visuais; sentimentos e pensamentos podem entremear-se neles também, mas geralmente aparecem em imagens. Parte da dificuldade de se estimar, explicar sonhos, se deve à nossa necessidade de traduzir estas imagens em palavras. Muitas vezes as pessoas que sonharam dizem que poderiam com mais facilidade desenhá-los que contá-los em palavras” ( FREUD apud ANDRADE, 1995, p.43 ). 

Outras formas de manifestações artísticas também podem ser utilizadas como instrumento de comunicação entre paciente e terapeuta, como a dança, a música e até a escrita.
A utilização de recursos artísticos visa a expressão pura do verdadeiro eu, chamado em psicologia de “self”, onde o enfoque não é a estética nem tampouco o aprimoramento técnico, uma vez que o processo de elaboração de um trabalho artístico se mostra tão importante quanto o produto final.
Para o arteterapeuta não existe uma linha rígida a ser seguida, devendo este contar com a própria experiência aliada à intuição, além de ter conhecimentos sólidos sobre técnicas e linguagens artísticas e sobre a psique humana. 
Não existe contra-indicação para a aplicação da arteterapia, podendo esta ser aplicada individualmente ou em grupos em pessoas de qualquer idade. Seu principal objetivo é a manutenção ou o restabelecimento da saúde emocional através do desenvolvimento da criatividade, possibilitando a busca do auto-conhecimento através da integração do consciente e do inconsciente. Segundo a AATA, American Art Therapy Association, fundada em 1969, lemos o seguinte:

“Arteterapia é uma profissão assistencial ao ser humano. Ela oferece oportunidades de exploração de problemas e de potencialidades pessoais por meio da expressão verbal e não verbal e do desenvolvimento de recursos físicos, cognitivos e emocionais, bem como a aprendizagem de habilidades, por meio de experiências terapêuticas com linguagens artísticas variadas.
Ainda que as formas visuais de expressão tenham sido básicas nas sociedades desde que existe história registrada, a Arteterapia surgiu como profissão na década de 30. A terapia por meio das expressões artísticas reconhece tanto os processos artísticos como as formas, os conteúdos e as associações, como reflexos de desenvolvimento, habilidades, personalidade, interesses e preocupações do paciente. O uso da arte como terapia implica que o processo pode ser um meio tanto de reconciliar conflitos emocionais, como de facilitar a autopercepção e o desenvolvimento pessoal.” (AATA, 2003)

Atualmente, com a descoberta da inteligência emocional, a valorização da subjetividade e o reconhecimento da importância da multidisciplinaridade, a arteterapia tem sido cada vez mais aceita em diversas instituições, como escolas, hospitais e empresas, sempre visando o desenvolvimento das potencialidades criativas do ser humano como elemento primordial para a saúde emocional. Um arteterapeuta deve possuir conhecimentos aprofundados de técnicas artísticas, pois essas é que possibilitam a comunicação deste com o paciente, além de conhecimentos aprofundados sobre o funcionamento da mente humana. 

                                             Carlos Miguel Fagundes - arte-educador e arteterapeuta



Mais informações:
 http://www.arteeterapia.com.br/
 http://www.artezen.org/arteterapeuta.html
 http://sedes.org.br/site/arteterapia/o_que_e_arteterapia 

                                 




sexta-feira, 8 de junho de 2012

terça-feira, 29 de maio de 2012


CRÔNICAS DE SALA DE AULA



            Acuado num canto, aguardo ansioso o momento de dirigir-me ao campo de batalha. Já prevendo o que me aguarda, um desespero silencioso toma conta de mim. Esfrego as mãos com força, fecho os olhos, caminho sem rumo pela sala numa fuga inútil e desesperada. Sento-me novamente. Tento prestar atenção à conversa dos colegas: amenidades, piadas sem graça entrecortada por risinhos nervosos, relatos repetitivos ...nada é capaz de fazer-me esquecer a fúria do leão feroz que me aguarda. Lá fora, o inimigo grita descontrolado intimidando os adversários.
Dado o sinal, é chegado o momento inevitável. Tenso, empunho minhas armas e caminhamos juntos, eu e os colegas, em direção ao sacrifício.
Lentamente, entre gritos e esbarrões vou vencendo o caminho que me leva à arena. Ganho o corredor já vazio e sua longa extensão me parece curta. A proposital lentidão dos passos só faz aumentar minha ansiedade. Sem saída, chego, enfim, à sala de aula.
            Paro na porta tentando me fazer notar, hesitando entre caminhar até a mesa e assumir o meu posto ou desertar, abandonando a obrigação que me foi destinada. A responsabilidade e as contas a pagar falam mais alto. Caminho até a mesa, repouso minhas armas (giz, diário, livros didáticos, textos, desenhos e um pouco de coragem ) e faço votos de que uma delas seja minha salvação no dia de hoje. Cumprimento com um boa tarde sem resposta e observo uma meia dúzia de alunos que, deslocados, me olham estarrecidos e solidários, compreendendo minha situação.
A imagem do ambiente, com suas figuras caricaturais me remete a uma obra de Heronimus Bosch, o pintor do caos. Em meio a uma nuvem de poeira provocada por duas criaturas que varrem a sala com violência enquanto distribuem vassouradas aos transeuntes, três seres indefinidos se enroscam pelo châo aos gritos, e o restante da sala se digladia entre gemidos, choramingos e gargalhadas, completando as brincadeiras e agressões do recreio. Objetos e bolas de papel voam pela sala. Um avião passa à minha frente com destino ignorado, enquanto imagino outros destinos - londres...cancun...ilha de caras...-um pequeno grupo, que mais parece uma multidão, me bombardeia com perguntas, reclamações e exigências, enquanto disputam comigo o exíguo espaço da mesa. Peço licença, já contendo a irritação, e começo a apagar a lousa silenciosamente, lentamente, simulando uma calma que, sinto, acabará antes da minha tarefa. Mentalmente faço cálculos: quanto tempo para terminar a aula que mal começou, quanto tempo para as férias, quanto tempo para a aposentadoria, quanta grana falta para cobrir as despesas do mês...enquanto isso a algazarra continua. Um aluno me interrompe com violência enquanto choraminga _me acertaram uma tesourada nas costas _ já visivemlamete irritado, viro-me antes que me aconteça o mesmo e, em alto e bom som, peço silêncio. Ando pela sala ordenando polida e energicamente _ a princípio _: sente-se quem está de pé, levante-se quem está deitado, saiam da porta, me respeite ou encaminho para a diretoria, desça já da janela antes que caia e quebre uma perna, não rabisquem a lousa..._ e já descontrolado no final: tire a mão dos meus diários, deslige o celular, pelo amor de Deus, ai eu vou enlouquecer...
Com um nó na garganta, os dentes cerrados, caminho até a mesa, tentando impor alguma autoridade. Bato algumas vezes pedindo mais uma vez silêncio enquanto uma enxaqueca anuncia a sua indesejável chegada. Com a pressão povavelmente no teto e a auto-estima no chão, enfim inicio a aula, já sem energias, confuso sobre qual função assumir para tentar colocar um fim à desordem: professor, educador, tirano, amigo, psicólogo, psiquiatra?...ou serial killer? No meu desespero, torço para que alguma força superior e caridosa avance misteriosamente os ponteiros do relógio e que a sirene sinalize imediatamente o final da batalha. Mera ilusão. O martírio está apenas começando. Aproveito uma “bolha” inesperada de silêncio e inicio a explicação. Uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito vezes... e ainda assim a grande maioria ainda não ouviu e se ouviu não compreendeu. Lá no fundo da minha alma soa um mantra: “meus deus, o que que eu tô fazendo aqui...meu deus, o que que eu tô fazendo aqui... meu deus, o que que eu tô fazendo aqui...” e finalmente deus responde à minha pergunta através de um ser que aparece à minha frente perguntando:_ professor de que mesmo? E outro manta me vem como resposta: estou aqui enlouquecendo, estou aqui pagando pecados, estou aqui redimindo vidas passadas...
Perco o fio de paciência que me resta e desabafo: _“eu não aguento mais”. Mais 5 minutos e eu caio duro! Desta vez a força superior e caridosa ouve minhas preces, acredita na minha premissa e a sirene soa, finalizando o fim da hedionda batalha. Junto minhas armas de forma desordenada e saio em fuga, apressado, olhando para traz temeroso, persguido por uma legião descontrolada que tenta sugar minhas últimas energias. Sobre a mesa esqueço parte da minha sanidade, um pouco dos meus sonhos, bastante dos meus ideais. Comigo, trago um pouco de frustação, desânimo e incertezas. 
 Meu Deus, até quando? 


crônica dedicada ao 6º ano C 

sábado, 19 de maio de 2012

OBRA PREMIADA OM MEDALHA DE PRATA ( 2º LUGAR ) NO 4º SALÃO DE ARTE DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO. 


A 0BRA É COMPOSTA DE 02 FRONHAS CONTENDO DECALQUES DAS FOTOS DOS MEUS PAIS, DESENHOS, PINTURA E BORDADOS E FOI EXIBIDA DEPENDURADA EM UM VARAL. 




TROFEU DE PREMIAÇÃO