DESEMBARQUE
Olhos vermelhos
desembarco diante do espelho
do banheiro
na ante-sala do fim
trago em mim
as marcas da guerra
e a força dos sobreviventes
a fé do recomeço
e a nostalgia
que jamais supus que um dia encontraria
estou vivo!
levanto aos DEUSES
meu cálice anti-tédio
agora meu único remédio
e sigo!
" a felicidade é sempre um resultado de uma atividade criativa" - Dalai Lama
domingo, 24 de maio de 2009
POESIA 3
A CIDADE QUE HABITA EM MIM
São Paulo da garoa
finalmente te vi de frente
circulei pelo seu coração purulento,
virulento,
mergulhei no seu centro
sorrimos para a morte
(eu e a sorte)
encarei sua triste gente sobrevivente
te vi nas calçadas defecadas e sangrentas
amparando a última queda
do seu povo que apodrece
São Paulo de pau e pedra ( e de pó)
São Paulo da garoa
a centenas de dias circulando em suas veias
nunca te vi assim
que cidade é essa
que habita em mim?
CARLOS MIGUEL
28/07/2009
São Paulo da garoa
finalmente te vi de frente
circulei pelo seu coração purulento,
virulento,
mergulhei no seu centro
sorrimos para a morte
(eu e a sorte)
encarei sua triste gente sobrevivente
te vi nas calçadas defecadas e sangrentas
amparando a última queda
do seu povo que apodrece
São Paulo de pau e pedra ( e de pó)
São Paulo da garoa
a centenas de dias circulando em suas veias
nunca te vi assim
que cidade é essa
que habita em mim?
CARLOS MIGUEL
28/07/2009
POESIA 2

O QUE MORA EM MIM
Mora em mim algo assim,
meio sonho
meio desejo
meio vontade
meia verdade
meia coragem
meio medo
medo do grito lá fora
do silêncio aqui dentro
da morte na janela
da imensa flor de sangue negro
enfeitando a calçada
mora em mim algo assim
quieto
desordenado
abafado.
infinitos eus!
carlos miguel
15/09/2007
00:20h
Mora em mim algo assim,
meio sonho
meio desejo
meio vontade
meia verdade
meia coragem
meio medo
medo do grito lá fora
do silêncio aqui dentro
da morte na janela
da imensa flor de sangue negro
enfeitando a calçada
mora em mim algo assim
quieto
desordenado
abafado.
infinitos eus!
carlos miguel
15/09/2007
00:20h
POESIA 1
MEUS DEMÔNIOS VOLTARAM
Já não estou mais só!
Meus demônios voltaram.
Depois de submergir eternamente na tranquilidade serena e inútil das trevas, emergi na solidão perturbadora da luz, onde tudo vejo, tudo entendo e nada compreendo.
E os demônios percorrem meu corpo como sangue quente e vivo!
Moram nas minhas mãos ágeis de unhas mal cortadas que acariciam desejos não realizados, na minha boca repleta de dentes desiguais e histórias mal contadas, nos meus pés descalços que correm desesperados em mim mesmo numa fuga infinita que se incia a cada passo.
E eles me fazem companhia, os demônios!
E me falam de coisas que eu gostaria de esquecer.
Me trazem desejos que eu desejaria não ter. Conferem significado e vida a pequenas lembranças que repousam mortas ao meu lado com cheiro de flores podres.
Me apontam caminhos que não quero mas preciso seguir e me acordam para sonhos que preferia não ter.
me restituem as armas, a audácia, o poder da criação e me presenteiam com o inconformismo.
Belos e Malditos demônios!
Obrigado por terem voltado!
CARLOS MIGUEL - 30 /06/2007 - 23:15 hs.
Já não estou mais só!
Meus demônios voltaram.
Depois de submergir eternamente na tranquilidade serena e inútil das trevas, emergi na solidão perturbadora da luz, onde tudo vejo, tudo entendo e nada compreendo.
E os demônios percorrem meu corpo como sangue quente e vivo!
Moram nas minhas mãos ágeis de unhas mal cortadas que acariciam desejos não realizados, na minha boca repleta de dentes desiguais e histórias mal contadas, nos meus pés descalços que correm desesperados em mim mesmo numa fuga infinita que se incia a cada passo.
E eles me fazem companhia, os demônios!
E me falam de coisas que eu gostaria de esquecer.
Me trazem desejos que eu desejaria não ter. Conferem significado e vida a pequenas lembranças que repousam mortas ao meu lado com cheiro de flores podres.
Me apontam caminhos que não quero mas preciso seguir e me acordam para sonhos que preferia não ter.
me restituem as armas, a audácia, o poder da criação e me presenteiam com o inconformismo.
Belos e Malditos demônios!
Obrigado por terem voltado!
CARLOS MIGUEL - 30 /06/2007 - 23:15 hs.
A EXPRESSÃO ARTÍSTICA COMO CATARSE

No meu trabalho como arte-educador no ciclo I, me vejo constantemente em contato com o universo particular que cada aluno exterioriza através da expressão artística e como essa se realiza no contexto em que se encontra. Dia desses, durante a aula de artes na 2ª série, dei pela ausência de dois alunos. Ao questionar o restante da turma sobre tais alunos, fiquei sabendo que o professor de educação física, que havia estado com eles antes de mim, os havia colocado "de castigo", impedindo-os de assistir aula. Indignado, Imediatamente sai à procura dos mesmos e os encontrei na porta da diretoria cabisbaixos e silenciosos. Imaginei o que poderia estar se passando pela mente daquelas duas crianças de semblante tão tenso e preocupado. Perguntei sobre o motivo pelo qual estavam ali e pedi que me acompanhassem até a sala para que participassem da aula. coloquei-os a par das atividades e pedi que realizassem a atividade proposta, ou seja, um auto-retrato. Ambos trabalharam em silêncio e com afinco e qual não foi minha surpresa quando me apresentaram o resultado, um dos quais apresento acima (desenho 1). O outro, infelismente, perdeu-se entre bytes e pixels, mas posso descrevê-lo enquanto não o encontro: um homenzinho, em um frágil barquinho, navegando num tortuoso mar tendo sobre sua cabeça alguns raios negros maiores que ele. (desenho 2). Abaixo, uma análise de ambas as representações:
no desenho 1, o autor nos comunica da sua necessidade de apropriar-se - e ele se apropria através da expressão artística - da liberdade da qual fora momentaneamente privado. No seu desenho ele realiza o desejo de brincar feliz, em plena harmonia e equilíbrio com o seu mundo. Nos conta ainda do seu poder - expresso através da capa que fez questão de frisar - em trasmutar-se de "condenado" a ouvir impropérios e xingamentos da diretora em super-herói liberto, capaz de voar livre de peito, sorriso e braços abertos. Seria um abraço de agradecimento ao seu redentor, no caso eu?
já no desenho 2, o autor tem a necessidade de elaborar seu momento através da representação do seu estado emocional: um serzinho fragilizado diante da tormenta, tendo à sua cabeça as espadas da culpa e do medo, prestes a destruí-lo como merecimento.
A EFICIÊNCIA DO GESTO
No meu dia-a-dia, procuro estar atento à forma particular que cada pessoa utiliza para se comunicar, se expressar, enfim, fazer-se existir. Observo sobretudo a comunicação realizada de forma não verbal e acredito que esta é mais verdadeira e até mais eficiente que as palavras.
Ao longo da vida, através de nossas vivências e convivências vamos adquirindo um repertório de gestos e posturas corporais que trazem em si informações do nosso universo pessoal, como estado emocional, o grau de submissão, a capacidade de enfrentamento, o grau de informação e até o nosso nível social.
É sabido que a primeira forma de comunicação do ser humano foi não verbal, ou seja, através dos rabiscos nas paredes das cavernas e, de forma mais recorrente, através da expressão corporal. Sendo assim, acredito que a fala, desenvolvida e aperfeiçoada posteriormente, serviu ao homem em evolução (e ainda nos serve) como complemento à comunicação não verbal, sendo passível de manipulação, podendo ser "amoldada" às circunstâncias e ao contexto de acordo com nossas necessidade e objetivos.
Já a expressão natural do nosso corpo aliada à outras formas de expressão não verbal (como a expressão artística em todas as suas vertentes), expressa as nossas mais profundas e verdadeiras emoções, e é capaz exteriorizar nosso desejos mais íntimos, mesmo quando a fala diz o contrário.
Ao nos levantarmos da cama pela manhã e darmos preferência por esta e não aquela cor de roupa, este ou aquele aroma de perfume, este ou aquele acessório, ou quando caminhamos pela rua mais destraidamente, estamos, na verdade, comunicando a nossa existência, o valor dessa existência e a forma como gostaríamos de ser tratados. Sendo assim, considero a expressão não verbal a principal maneira que o ser humano possui para relacionar-se com o mundo. Dai a importância de apropriarmo-nos de nós mesmos para podermos transmitir de forma plena, equilibrada e produtiva, a nossa existência e a nossa verdade.
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