Há momentos na vida que todo ser humano se depara com dúvidas e incertezas, angústias, medo... Sentimentos de fragilidade que paralisam, nos impedindo de realizarmos até atividades mais rotineiras. Coisas simples como levantar-se pela manhã, tomar banho, arrumar-se e dirigir-se ao trabalho apresentam-se diante de nós como verdadeiras e invencíveis batalhas, exigindo força sobre-humana. Estamos diante da inevitável crise existencial ou momento de conflito interior, pelos quais todo ser vivo, mais cedo ou mais tarde, há de passar. Nessas horas, nada nos agrada e o mundo parece estar contra nós. E o pior é que não podemos simplesmente nos recolher em casa e esperar a tempestade passar, afinal os compromissos não esperam. Momentos como esse, além de serem imprevisíveis, são necessários e até saudáveis. É um sinal de que algo não vai bem e precisa ser analisado com clareza. É através do conflito que atingimos o crescimento e é melhor que esses se manifestem o quanto antes. Não ter conflitos não significa viver em equilíbrio, significa, isso sim, vivenciar o comodismo e adiar o crescimento, alimentando um eterno nanismo da alma. Como bem disse Jung, "só os mortos não sentem dor".
Mas o que fazer diante de tais momentos, quando até o mais carente cão abandonado parece estar numa situção melhor e mais confortável que a nossa? Se fazer de forte não é a melhor solução, pois ignorar a nossa voz interior seria uma atitude de desprezo e desrespeito consigo próprio. Seria a morte do "EU", e o triunfo do monstro interior que nos faz frágil nesse momento e que poderá nos tornar infelizes para sempre se dermos margem para que ele cresça. Refugiar-se no prazer fácil e efêmero das drogas lícitas e/ou ilícitas seria apenas protelar a situação e abrir as portas para desequilíbrios maiores. O melhor que se tem a fazer então é dialogar consigo próprio e tentar descobrir quais necessidades internas nos fragilizam tanto nesse momento e o que as fizeram se manifestar. Esse diálogo silencioso não precisa de hora marcada para acontecer. Pode ocorrer durante todo o tempo e em qualquer lugar, como no ônibus ou carro a caminho do trabalho, durante o banho, durante as refeições, ao deitar-se... afinal, para que essa conversa aconteça, basta responder ao "eu" interior, pois se chegamos a uma situação de extrema fragilidade , é porque esse já está falando sozinho há tempos. Algumas situações podem favorecer esse diálogo, apesar de este poder acontecer a todo instante. Assim como duas pessoas que se gostam se reunem para conversar, também podemos nos "reunir" conosco mesmos para tentar entender essa vozinha interior que insiste em reclamar por atenção. Por exemplo, ficar a sós num local que traga conforto, ouvir uma música que por algum motivo nos desperte o interesse naquele momento, escolher um filme ou livro aleatoriamente, talvez orientado pelas imagens da capa, andar sem rumo pelas ruas experimentando novos caminhos, sentar-se em um local público e observar as pessoas, aventurar-se na expressão artística simples, como desenhar, pintar com lápis de cor, tentar fazer uma dobradura ou colagem ...são situações simples e atitudes não verbais que, se vivenciadas e analisadas com atenção e carinho, podem nos dizer muito sobre nós mesmos, nos auxiliando a se desprender de velhos conceitos, analisando nossos valores, rompendo barreiras mentais que podem estar nos CAOSando perturbações. Estar sempre atento às necessidades do eu interior num diálogo franco e aberto poderá evitar momentos de melancolia, tristeza, desânimo e consequentemente improdutividade em todos os setores da vida. Mas se a crise existencial ou conflito persistir, procure ajuda de um profissional.
Carlos Miguel Fagundes
13/07/2009
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