terça-feira, 26 de maio de 2009

POESIA 7



UM ANJO CHAMADO TEMPO

conheço um anjo
que mora no vento,
um anjo lindo
que me dá abrigo,
que me dá alento
um anjo azul
que vai curar seu sofrimento
um anjo chamado tempo

POESIA 6

Olá meu querido!
há quanto tempo
como vai você?
eu estou bem,
apesar de um certo desalento
mas não se preocupe
a vida é assim:
feita de momentos
uns bons,
uns ruins
mas todos a seu tempo
com você espero que esteja tudo bem
tudo azul da cor do mar
a propósito,
quanto vem me visitar?
saiba que estou com saudade
hoje até te procurei pela cidade
adoraria te encontrar assim,
por acaso
seria uma bela surpresa
e aproveitando o ensejo,
um forte abraço
e um grande beijo!

ARTE-EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM

"não se escreve com a caneta e a mão, mas com as idéias e imaginação"
João dos Santos, psiquiatra infantil ( 1913 - 87)

Como arte educador, arteterapeuta e artista plástico, conhecedor profundo dos benefícios da arte e das importantes transformações que esta é capaz de realizar no ser humano, assombra-me muito o descaso com que a arte é tratada no ambiente escolar. Arte na escola é sinônimo de recreação ou anarquia e o professor de arte, este é visto e tratado como um ser estranho que ninguém sabe ao certo como lidar, lembrado apenas em datas comemorativas, quando suas habilidades são requisitadas para "decorar", "enfeitar", "ensaiar"... As escolas, por sua vez, não possuem espaço adequado nem material didático suficiente para que se realize as atividades básicas dentro da disciplina e quando o possuem, as boas intenções do arte-educador naufragam em um mar de contratempos que acabam, entre outras coisas, por impedir a apropriação do espaço, requisito indispensável para que a arte cumpra seu papel transformador.

O Estado tem tido algumas iniciativas, através da Proposta Curricular, que visam um melhor aproveitamento da disciplina e sua valorização através do desenvolvimento de novas habilidades e competências que abrangem dança, teatro, música e artes visuais. É certo que faltam ainda alguns ajustes para que a Proposta consiga despertar o interesse de um número maior de educandos, pois em alguns momentos temos a impressão de que foi elaborada por profissionais que desconhecem a atual realidade da educação brasileira. Mas já é um ótimo começo que poderia crescer muito se algumas escolas não insistissem em tratar a arte e o arte-educador como algo desnecessário.

Não credito esse problema a essa ou aquela escola, a esse ou aquele diretor, mas a todo um sistema social que desvaloriza a emoção em detrimento da razão, quando na verdade deveria haver um equilíbrio entre esses dois parâmetros. O que vemos no ambiente escolar nada mais é que o reflexo de uma sociedade culturalmente subdesenvolvida, que valoriza mais o pão que a poesia, que se preocupa em alimentar o corpo como forma de sobreviência biológica e se esquece de alimentar a alma, importante fator de sobrevência cultural e social.

Temos notícias de que um ou outro arte-educador consegue desempenhar suas funções de maneira satisfatória, o que é louvável, mas ainda falta muito para que a arte seja vista, pela sociedade e pela escola como um todo, como uma importante ferramente na formação emocional e intelectual dos educandos. É através da arte e dos seus procedimentos que a criança desenvolve a imaginação, importante fator já na Antiguidade utilizado na apendizagem. Segundo o dicionário Aurélio, imaginação é a faculdade de representar objetos pelo pensamento, faculdade de inventar, criar, conceber. Imaginar é "abstrair" (do latim abstrahere = arrancar). É através da imaginação que a criança "arranca" sentido do concreto, adquirindo a capacidade de simbolizar, criando dentro de si um universo particular, com mecanismos próprios, capaz de assimilar conceitos e inventar formas pessoais de "aprender". Não podemos esquecer também do papel social da arte como importante fator na formação do cidadão pensante, crítico, capaz de produzir e preservar a cultura.

Assim sendo, acredito que o sistema educacional, tão afeito à reformas, devesse olhar com mais atençao o cumprimento de medidas que visem um melhor aproveitamento da disciplina dentro das escolas, preparando inclusive a equipe diretiva para a compreensão da importância da arte e do arte-educador na formação do educando.



Carlos Miguel Fagundes
08 / 06 / 2009



















A IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE

Todo ser humano é dotado de potencial criativo, em menor ou maior grau, o que é determinado pelo meio. A imposição excessiva de regras, certamente afeta o afloramento da criatividade, impedindo o desenvolvimento do potencial criativo. Um dos objetivos da regra é impedir a ocorrência do erro. Fica assim clara a importância do erro no ato criativo. É o erro que possibilita a formulação de hipóteses e conseqüentemente o encontro de novas soluções.

A criatividade só se manifesta durante o ócio ou nos momentos de lazer, quando o cérebro está em repouso, descansando. Portanto, trabalhar sob pressão é uma das maneiras de tolher a criatividade. Rollo May diz o seguinte:

Se o indivíduo é muito rígido, dogmático, por demais comprometido com as conclusões prévias, jamais permitirá que esse elemento atinja o consciente; não admitirá nunca a existência de um conhecimento que existe em outro plano, no seu interior. Mas a percepção súbita só pode vir à tona quando há um relaxamento da tensão ou da aplicação consciente. Por isso o inconsciente só atravessa a barreira se o trabalho intenso for alterado com descanso (...). (MAY, 1975, p. 62).

Nos dias atuais, movido à novas idéias, onde novos produtos e novas invenções movimentam bilhões de dólares, a criatividade, mais do que em qualquer outra época, tem sido altamente valorizada. Grandes empresas buscam em seus funcionários, além das potencialidades necessárias à função desempenhada, principalmente a criatividade que é, hoje em dia, um dos maiores bens do mundo corporativo. A criatividade é o motor de empresas bem sucedidas. O que se vê é que esta não é característica somente de grandes artistas e nem tem a sua aplicação limitada ao mundo das artes. Segundo Rollo May,

(...) a criatividade está no trabalho do cientista; como no do artista; do pensador e do esteta; sem esquecer os capitães da tecnologia moderna, e o relacionamento normal entre mãe e filho. A criatividade, como define Webster, é basicamente o processo de fazer, de dar vida. (MAY, 1975, p. 39) .

Um dos motivos que tornam a criatividade um dos maiores bens do mundo corporativo é justamente a robotização, a mecanização, a uniformização que o mundo atingiu nas últimas décadas, através principalmente da mídia, que prega uma igualdade negativa e efêmera, baseada na aquisição de bens de consumo e de idéias prontas. Assim, o indivíduo afasta-se cada vez mais da sua essência, abdicando de sua individualidade em prol da coletividade.

Destaca-se quem consegue preservar idéias próprias, ou seja, o indivíduo criativo. A psicóloga Maria Inês Felipe, mestre em criatividade pela Universidade de Santiago de Compostela / Espanha, e consultora de empresas, fala sobre a importância de exercitar a criatividade e diz que esta é um comportamento que pode ser aprendido, uma vez que todos são criativos, deixando de sê-lo por questões familiares, educacionais e empresariais. Compara o desenvolvimento da criatividade com o desenvolvimento físico. Para Maria Inês Felipe “praticar o uso da criatividade eleva a produção, abaixa os custos, aumenta a satisfação do cliente a auto-estima do trabalhador” (FELIPE, 2006, página de Internet). Segundo ela, a criatividade possibilita contribuir socialmente neste mundo de transformações, criando novos produtos,serviços e gerando empregos. No campo pessoal, a criatividade, nas suas diversas formas, significa saúde emocional e conseqüentemente física. Rollo May acredita que o processo criativo deve ser encarado como o mais alto grau de saúde emocional, a expressão de pessoas normais no ato de atingir a realidade.

Segundo o filósofo Georges Canguilhem, a doença é uma vida pobre, impossibilidade da invenção, espaço da monotonia e da repetição de normas limitadas e constrangedoras, já a saúde é uma vida capaz de ultrapassar a norma medíocre do normal momentâneo, a possibilidade de tolerar infrações e de instituir novas normas em situações novas.

Na literatura encontram-se vários referenciais relacionando criatividade e saúde. Em seu livro Rollo May cita um exemplo que demonstra a importância da criatividade para a saúde mental. Vejamos: O Dr. Kurt Goldstein, quando ocupava o cargo de diretor de um grande hospital para doentes mentais, na Alemanha, teve muitos soldados como pacientes, durante a guerra. Segundo ele, esses homens sofriam de limitação radical da capacidade de imaginação. Observou que mantinham armários sempre arrumados do mesmo modo,os sapatos na mesma posição,as camisas no mesmo lugar. Sempre que o armário era desarrumado,o paciente entrava em pânico. Não conseguia se orientar, não conseguia imaginar uma nova “forma” para trazer ordem ao caos. (...) Sua capacidade para o pensamento abstrato, para transcender os fatos imediatos em termos do possível - exatamente o que chamo, neste contexto, de imaginação – foi severamente danificada. Sente-se incapaz de adaptar o ambiente às suas necessidades. (MAY, 1975, p. 124)

O exemplo acima ilustra as implicações da falta de imaginação no dia-a-dia, na resolução de imprevistos e na adaptação ao meio, adaptação esta necessária na mediação de conflitos pessoais internos e externos. A força criadora é responsável pelo desenvolvimento da personalidade como um todo.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

POESIA 5



DOIS EUS

Olho no espelho e me deparo
com um velho soturno e triste
que com seu dedo em riste
me ordena a gritar:

volta, menino!
ande já pra traz! Esqueça esse desatino
até onde essa loucura vai te levar?

EU, quase dono do mundo,
me assusto por um segundo
e paro de brincar.
A mão acostumada ensaia uma continência
que, interrompida com insolência, desliza no ar
me encorajo e reasumo meu lugar
estufo o peito e grito:

"não volto!
aqui estou e aqui EU vou ficar
até que essa loucura me leve
aonde eu quero chegar!"

julho / 2003

UMA QUESTÃO DE ESPAÇO

Andando pelas ruas do centro da capital paulista onde resido, convivo diariamente com uma grande quantidade de moradores de rua. Seus modos de vida me desperta a curiosidade e a imaginação e um detalhe em especial me chama a atenção: o costume que alguns têm de reservar para si pequenos espaços nas calçadas. Com uma simples caixa de papelão ou um pedaço de cordão, entre outras formas, delimitam precariamente o local onde vão pernoitar ou passar algumas horas. Vejo quase que diariamente uma senhora já idosa que“construiu” com caixas de papelão de eletrodomésticos, um espaço de mais ou menos 1 m quadrado que utiliza para guardar seus pertences e passar os dias (e certamente as noites) solitária observando os transeuntes, os carros e, talvez, refletindo sobre sua existência. E onde quer que vá, ela carrega consigo seu “espaço”.

A atitude desses moradores de rua, antes de ser uma estratégia de auto-preservação, é também uma forma de comunicação não verbal. Uma forma de expressar através de atitudes o que não conseguiriam através de palavras. Ter a existência exposta publicamente todos os dias, torna-os personagens públicos de um espetáculo improvisado que se desenrola pelas calçadas e ruas, em nichos sombrios, bem abaixo de nossos pés, tendo entulhos fétidos como cenário e ratos como coadjuvantes. Uma sobrevivência assim maltrata, machuca, endurece e divide em pedaços qualquer ser com um mínimo de sensibilidade.

E chega um momento que, para prosseguir, é preciso recolher-se (do verbo recolher, juntar, reunir) por um momento, dialogar consigo próprio. E é nesse momento que imagino iniciar-se o ritual que os levará ao encontro de si próprios. Escolher um espaço apropriado, delimitar esse espaço e aquietar-se. Ao se recolherem, ainda que precariamente no espaço que determinaram como “seu” estão, na verdade, procurando preservar-se, a si e ao seu universo particular com seus conteúdos mais pessoais e íntimos.

É nesses momentos que acessamos os caminhos mais tortuosos e sombrios de nós mesmos e caminhamos em direção aquele eu que, escondidinho nas profundezas de nós mesmos, se manifesta clamando por atenção e afeto.

A senhora que mencionei nos diz através de sua atitude e de seu gesto que não quer mais fazer parte desse espetáculo surrealista. O seu eu não quer mais despedaçar-se pelas calçadas. Quer preservar no “seu espaço” o pouco que restou de si e assim segue, protegida por sua frágil fortaleza de papelão, perdida na imensidão solitária e desumana de 1m quadrado.


domingo, 24 de maio de 2009

POESIA 4

DESEMBARQUE

Olhos vermelhos
desembarco diante do espelho
do banheiro
na ante-sala do fim
trago em mim
as marcas da guerra
e a força dos sobreviventes
a fé do recomeço
e a nostalgia
que jamais supus que um dia encontraria
estou vivo!
levanto aos DEUSES
meu cálice anti-tédio
agora meu único remédio
e sigo!

POESIA 3

A CIDADE QUE HABITA EM MIM

São Paulo da garoa
finalmente te vi de frente
circulei pelo seu coração purulento,
virulento,
mergulhei no seu centro
sorrimos para a morte
(eu e a sorte)
encarei sua triste gente sobrevivente
te vi nas calçadas defecadas e sangrentas
amparando a última queda
do seu povo que apodrece
São Paulo de pau e pedra ( e de pó)
São Paulo da garoa
a centenas de dias circulando em suas veias
nunca te vi assim
que cidade é essa
que habita em mim?

CARLOS MIGUEL
28/07/2009

POESIA 2


O QUE MORA EM MIM

Mora em mim algo assim,
meio sonho
meio desejo
meio vontade
meia verdade
meia coragem
meio medo
medo do grito lá fora
do silêncio aqui dentro
da morte na janela
da imensa flor de sangue negro
enfeitando a calçada
mora em mim algo assim
quieto
desordenado
abafado.
infinitos eus!

carlos miguel
15/09/2007
00:20h

POESIA 1



MEUS DEMÔNIOS VOLTARAM

Já não estou mais só!

Meus demônios voltaram.

Depois de submergir eternamente na tranquilidade serena e inútil das trevas, emergi na solidão perturbadora da luz, onde tudo vejo, tudo entendo e nada compreendo.
E os demônios percorrem meu corpo como sangue quente e vivo!

Moram nas minhas mãos ágeis de unhas mal cortadas que acariciam desejos não realizados, na minha boca repleta de dentes desiguais e histórias mal contadas, nos meus pés descalços que correm desesperados em mim mesmo numa fuga infinita que se incia a cada passo.

E eles me fazem companhia, os demônios!

E me falam de coisas que eu gostaria de esquecer.
Me trazem desejos que eu desejaria não ter. Conferem significado e vida a pequenas lembranças que repousam mortas ao meu lado com cheiro de flores podres.
Me apontam caminhos que não quero mas preciso seguir e me acordam para sonhos que preferia não ter.

me restituem as armas, a audácia, o poder da criação e me presenteiam com o inconformismo.

Belos e Malditos demônios!

Obrigado por terem voltado!

CARLOS MIGUEL - 30 /06/2007 - 23:15 hs.

A EXPRESSÃO ARTÍSTICA COMO CATARSE


No meu trabalho como arte-educador no ciclo I, me vejo constantemente em contato com o universo particular que cada aluno exterioriza através da expressão artística e como essa se realiza no contexto em que se encontra. Dia desses, durante a aula de artes na 2ª série, dei pela ausência de dois alunos. Ao questionar o restante da turma sobre tais alunos, fiquei sabendo que o professor de educação física, que havia estado com eles antes de mim, os havia colocado "de castigo", impedindo-os de assistir aula. Indignado, Imediatamente sai à procura dos mesmos e os encontrei na porta da diretoria cabisbaixos e silenciosos. Imaginei o que poderia estar se passando pela mente daquelas duas crianças de semblante tão tenso e preocupado. Perguntei sobre o motivo pelo qual estavam ali e pedi que me acompanhassem até a sala para que participassem da aula. coloquei-os a par das atividades e pedi que realizassem a atividade proposta, ou seja, um auto-retrato. Ambos trabalharam em silêncio e com afinco e qual não foi minha surpresa quando me apresentaram o resultado, um dos quais apresento acima (desenho 1). O outro, infelismente, perdeu-se entre bytes e pixels, mas posso descrevê-lo enquanto não o encontro: um homenzinho, em um frágil barquinho, navegando num tortuoso mar tendo sobre sua cabeça alguns raios negros maiores que ele. (desenho 2). Abaixo, uma análise de ambas as representações:

no desenho 1, o autor nos comunica da sua necessidade de apropriar-se - e ele se apropria através da expressão artística - da liberdade da qual fora momentaneamente privado. No seu desenho ele realiza o desejo de brincar feliz, em plena harmonia e equilíbrio com o seu mundo. Nos conta ainda do seu poder - expresso através da capa que fez questão de frisar - em trasmutar-se de "condenado" a ouvir impropérios e xingamentos da diretora em super-herói liberto, capaz de voar livre de peito, sorriso e braços abertos. Seria um abraço de agradecimento ao seu redentor, no caso eu?

já no desenho 2, o autor tem a necessidade de elaborar seu momento através da representação do seu estado emocional: um serzinho fragilizado diante da tormenta, tendo à sua cabeça as espadas da culpa e do medo, prestes a destruí-lo como merecimento.







A EFICIÊNCIA DO GESTO


No meu dia-a-dia, procuro estar atento à forma particular que cada pessoa utiliza para se comunicar, se expressar, enfim, fazer-se existir. Observo sobretudo a comunicação realizada de forma não verbal e acredito que esta é mais verdadeira e até mais eficiente que as palavras.
Ao longo da vida, através de nossas vivências e convivências vamos adquirindo um repertório de gestos e posturas corporais que trazem em si informações do nosso universo pessoal, como estado emocional, o grau de submissão, a capacidade de enfrentamento, o grau de informação e até o nosso nível social.
É sabido que a primeira forma de comunicação do ser humano foi não verbal, ou seja, através dos rabiscos nas paredes das cavernas e, de forma mais recorrente, através da expressão corporal. Sendo assim, acredito que a fala, desenvolvida e aperfeiçoada posteriormente, serviu ao homem em evolução (e ainda nos serve) como complemento à comunicação não verbal, sendo passível de manipulação, podendo ser "amoldada" às circunstâncias e ao contexto de acordo com nossas necessidade e objetivos.
Já a expressão natural do nosso corpo aliada à outras formas de expressão não verbal (como a expressão artística em todas as suas vertentes), expressa as nossas mais profundas e verdadeiras emoções, e é capaz exteriorizar nosso desejos mais íntimos, mesmo quando a fala diz o contrário.
Ao nos levantarmos da cama pela manhã e darmos preferência por esta e não aquela cor de roupa, este ou aquele aroma de perfume, este ou aquele acessório, ou quando caminhamos pela rua mais destraidamente, estamos, na verdade, comunicando a nossa existência, o valor dessa existência e a forma como gostaríamos de ser tratados. Sendo assim, considero a expressão não verbal a principal maneira que o ser humano possui para relacionar-se com o mundo. Dai a importância de apropriarmo-nos de nós mesmos para podermos transmitir de forma plena, equilibrada e produtiva, a nossa existência e a nossa verdade
.

sábado, 23 de maio de 2009

O QUE É ARTETERAPIA?

Arteterapia é a utilização de técnicas e recursos artísticos (tintas, pincéis, papéis, argila, etc.) com finalidades psicoterapêuticas, onde o paciente tem a possibilidade de contatar o seu mundo interno e externo, expressando assim suas sensações, seus pensamentos, atitudes e emoções, tornando-os passíveis de compreensão e transformação.
A Arte-terapia parte do princípio freudiano de que as imagens escapam do inconsciente com muita mais facilidade que as palavras, não sofrendo a censura da mente. Numa sessão de psicoterapia, o paciente se encontra muitas vezes bloqueado, com dificuldade de expressar verbalmente suas emoções e vivências. Desse modo, a expressão artística possibilita que ele, através de sua expressão, desenvolva a verbalização ao explicar suas produções, abrindo canais de comunicação e aumentando a auto-estima. Assim, expressão artística e verbalização se complementam na busca do equilíbrio, permitindo várias possibilidades. segundo Freud,
“Freqüentemente experienciamos o sonho em imagens visuais; sentimentos e pensamentos podem entremear-se neles também, mas geralmente aparecem em imagens. Parte da dificuldade de se estimar, explicar sonhos, se deve à nossa necessidade de traduzir estas imagens em palavras. Muitas vezes as pessoas que sonharam dizem que poderiam com mais facilidade desenhá-los que contá-los em palavras.” (APUD ANDRADE, M. Margarida M.J.(org), A Arte Cura?,São Paulo, Psy II, 1995).
Outras formas de manifestações artísticas também podem ser utilizadas como instrumento de comunicação entre paciente e terapeuta, como a dança, a música e até a escrita. A utilização de recursos artísticos visa a expressão pura do verdadeiro eu, chamado em psicologia de “self”, onde o enfoque não é a estética nem tampouco o aprimoramento técnico, uma vez que o processo de elaboração de um trabalho artístico se mostra tão importante quanto o produto final.
Não existe contra-indicação para a aplicação da arte-terapia, podendo esta ser aplicada individualmente ou em grupos em pessoas de qualquer idade. Seu principal objetivo é manutenção ou o restabelecimento da saúde emocional através do desenvolvimento da criatividade, possibilitando a busca do auto-conhecimento através da integração do consciente e do inconsciente. Atualmente, com a descoberta da inteligência emocional, a valorização da subjetividade e o reconhecimento da importância da multidisciplinaridade, a arteterapia tem sido cada vez mais aceita em diversas instituições, como escolas, hospitais e empresas, sempre visando o desenvolvimento das potencialidades criativas do ser humano como elemento primordial para a saúde emocional.